Gabrielle Hamilton é figura conhecida dentre os fogões norte-americanos. Chef e proprietária do Prune, um pequeno e simpático restaurante localizado no East Village, em Nova Iorque, ela tem arrancado elogios com Sangue, Ossos e Manteiga (Ed. Rocco), seu relato auto-biográfico recém-lançado.
Foto: eatboutique.com
Filha de uma bailarina francesa e um artista americano, era a caçula de uma prole de cinco. De uma infância no interior da Pensilvânia cheia de eventos gastronômicos, com direito a churrascos junto ao riacho, fogueiras enormes e acampamentos ao ar livre, Gabrielle vai ao fundo do poço. Com pais separados, é praticamente abandonada e se vê obrigada a se virar aos 13 anos. Sem dinheiro, vai procurar emprego em um pequeno restaurante da cidade que, ironicamente, se chamava Mother’s.
Já em Nova York, Gabrielle, ainda menor de idade, passa a trabalhar como garçonete de um bar. E assim, aos 16 anos lá está ela na frenética vida noturna dos anos 80, gastando seu dinheiro em cocaína. Envolvida em alguns problemas, se vê obrigada a sair da cidade e assim, lá vai ela tentar a vida estudantil em Michigan. Mais uma vez, é preciso recorrer à cozinha para conseguir algum dinheiro. Deslocada, desiste e acaba entrando de vez para o mundo das panelas. Vai da cozinha de um acampamento infantil às loucuras da cozinha de um buffet, até chegar ao Prune. Como pano de fundo, detalhes das relações familiares e amorosas da cozinheira.
Um relato cheio de altos e baixos, que nos envolve e encanta desde o início. É daquele raros livros que a gente devora aos poucos, para economizar, pois quando acaba nos deixa aquela sensação de vazio.
Uma dica que calha bem neste momento em que foi levantada a polêmica dos chefs americanos que recorrem aos escritores-fantasmas para lançar seus livros (acompanhe o rebuliço aqui). Gabrielle, tão talentosa na cozinha, é também talentosa escritora e dispensa os tais ghostwriters.
Fica aqui não só a dica da leitura altamente recomendada, mas do restaurante para quem estiver por NY. Uma comida descomplicada, gostosa e acessível.
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